Um pneu de carro é feito de borracha sintética, preenchimento e aditivos químicos. O aditivo 6PPD, por exemplo, busca garantir mais segurança. Mas quando vão parar nos rios, tais partículas oxidam e são altamente tóxica para o salmão prateado, por exemplo. Esse mesmo 6PPD também se acumula nas folhas de alface, conforme comprovado por pesquisadores da Universidade de Viena num estudo publicado em 2023 na revista Environmental Science & Technology. Uma análise da revista suíça K-Tipp, voltada ao consumidor geral, chegou a conclusões semelhantes: por meio de amostras, a publicação concluiu que a alface absorve substâncias tóxicas ao ar livre. A alface e o salmão são apenas dois exemplos de como as partículas dos pneus podem ingressar diretamente na cadeia alimentar.
Atualmente, existem mais de 1,47 bilhão de veículos em todo o mundo, incluindo automóveis, comerciais leves e veículos pesados. Essa quantidade não conta ainda com tratores, máquinas de obras, motocicletas e outros veículos de uso industrial, portanto, o número é bem maior.
Segundo a empresa Emission Analytics, a cada ano, diminui a quantidade de poluentes que sai dos escapamentos dos carros. Por outro lado, aumenta a quantidade que sai dos pneus, pois os veículos estão ficando mais pesados.
Anualmente, cerca de 500 mil toneladas de microplásticos são liberadas no meio ambiente devido à abrasão dos pneus. A cada frenagem, aceleração e movimento, matéria dos pneus são expelidas, liberando cerca de quatro quilos de microplásticos ao longo de sua vida útil. Diante dessa realidade preocupante, surge a pergunta: o que podemos fazer?
“Minimizar ou controlar o problema não é suficiente. A abrasão é inevitável e exige uma ação conjunta”, afirma Daniel Venghaus, cientista da Universidade Técnica (TU) de Berlim e líder do projeto Urbanfilter, que busca reduzir a abrasão dos pneus. Venghaus defende que a solução só pode ser alcançada através da colaboração estreita entre ciência, pesquisa e indústria. Para ele, a indústria tem o dever de desenvolver pneus com menor abrasão, contribuindo para a mitigação da poluição por microplásticos.
Ao abordar a questão da abrasão dos pneus e da poluição por microplásticos de forma clara, concisa e engajadora, podemos conscientizar o público e promover ações para um futuro mais sustentável.