A produção agrícola da bacia hidrográfica do Baixo Tietê tem grande importância no desenvolvimento econômico regional, sendo um dos principais setores na geração de riquezas.
O desafio nos últimos anos tem sido conciliar produção com as incertezas das chuvas necessárias para garantir uma boa safra, especialmente de grãos.
Segundo dados do DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, a média das chuvas na região é de 1.250mm por ano. Porém a partir do apagão de 2001, que na verdade foi um período de intensa seca pela falta de chuvas, a média anual vem despencando, com poucas exceções.
No ano de 2014, tivemos nova crise hídrica, com o registro de médio 1.062mm de chuvas naquele ano, e o nível do reservatório na UHE de Três Irmãos chegou a ficar com 10 metros abaixo do normal.
Nos últimos três anos a situação tem sido agravada pela irregularidade das chuvas na região do Baixo Tietê. Em 2019 a média ficou em 1.086mm. Já no ano seguinte a crise hídrica foi acentuada e os registros pluviométricos chegaram a 1.017mm. Porém nada se compara aos índices registrados no ano de 2021, com média de 773,8mm. Muito próximo da metade da média histórica (1.250 mm), e o pior índice ao longo dos 90 anos de registros das chuvas em nossa região.
Segundo o Eng. Luiz Otávio Manfré, Secretário Executivo do CBH-BT, para facilitar o entendimento de como é grave a situação, o déficit das chuvas dos últimos três anos chega próximo do mesmo que ficar sem chuvas durante um ano inteiro!
Outro fator que agrava a crise é a pouca capacidade de infiltração das águas, tanto nas áreas urbanas como na zona rural. As poucas chuvas têm precipitado de forma intensa e cada vez mais concentrada, dificultando a infiltração das águas para recarga dos lençóis freáticos. Por consequência vários poços de 30 a 40 metros de profundidade estão secando.
Uma das estratégias para o enfrentamento da crise é recuperar as nascentes, áreas de preservação permanente (APP) e cursos d’água. As matas ciliares protegem os corpos d’água, assim como nossos cílios protegem os olhos, além disso, contribuem intensamente para que água infiltre no solo praticamente no mesmo local onde ocorreu a chuva, abastecendo desde forma o lençol freático.
Outra ação de grande importância é o manejo sustentável do solo, com plantio direto, respeitando as curvas de nível e contribuindo para que as águas das chuvas infiltrem no solo, promovendo a recarga do lençol freático que alimenta as minas e nascentes. Em solos compactados as águas das chuvas escoam rapidamente para os rios e vão direto para os reservatórios, sendo armazenadas e usadas para outras finalidades, como por exemplo para geração de energia elétrica.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Tietê (CBH-BT) financia com recursos do Fehidro e da Cobrança pelo Uso da Água projetos de recuperação e proteção de nascentes, córregos e mananciais de abastecimento público. Os projetos podem ser apresentados até o dia 28 de fevereiro de 2022.
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