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Aterros Sanitários: Mocinhos ou Vilões?

Estima-se que o Brasil possui cerca de 1.700 aterros sanitários. Quando suas áreas são bem preparadas para receber o lixo, evitam de causar danos ao meio ambiente e reduzem risco à saúde pública

Os aterros sanitários são locais devidamente planejados, onde se depositam os resíduos sólidos gerados pelas atividades humanas, cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, instituída pela Lei 12.305 de 02/08/2010. Eles podem ser uma solução para o problema do lixo urbano, mas também podem trazer riscos ambientais quando não são seguidas as diretrizes estabelecidas na Lei para o preparo do local, a fim de realizar o descarte de resíduos adequadamente, provocando a contaminação dos lençóis freáticos. Os lençóis freáticos são camadas de água subterrânea que abastecem poços, nascentes e rios. Eles podem ser afetados de duas formas quando o assunto é o descarte de resíduos: pela infiltração do chorume e pela emissão de gases produzidos em espaços como os Lixões, cuja característica principal é a ausência de planejamento para o descarte correto, sobretudo quanto à impermeabilização do solo.

O chorume é um líquido escuro e malcheiroso que resulta da decomposição dos resíduos orgânicos. Ele contém substâncias tóxicas e microrganismos que podem causar doenças. Se o aterro sanitário não tiver um sistema adequado de impermeabilização do solo e de coleta e tratamento do chorume, ele pode vazar e atingir os lençóis freáticos, poluindo a água e tornando-a imprópria para o consumo humano e animal.

Os gases gerados nos locais de descarte, devido à decomposição da matéria orgânica, são principalmente o metano e o gás carbônico, que contribuem para o efeito estufa e as mudanças climáticas. Esses gases podem se acumular no subsolo e provocar explosões ou incêndios, que podem danificar as tubulações de água e os poços artesianos. Além disso, os gases podem alterar a pressão e o fluxo dos lençóis freáticos, afetando a disponibilidade e a qualidade da água.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE, o número de aterros sanitários no Brasil cresceu 10% entre 2008 e 2018, passando de 17% para 27% do total de resíduos sólidos urbanos destinados. Estima-se que o Brasil possui cerca de 1.700 aterros sanitários. Quando suas áreas são bem preparadas para receber o lixo, evitam de causar danos ao meio ambiente e reduzem risco à saúde pública. Além disso, podem gerar energia elétrica e créditos de carbono a partir do gás metano produzido pela decomposição dos resíduos.

No entanto, a manutenção dos aterros sanitários é cara e muitos municípios ainda não têm acesso a esse serviço . Por isso, é importante investir em políticas públicas e em educação ambiental para reduzir a geração de resíduos e promover a coleta seletiva, e a reciclagem e a compostagem em se tratando de resíduos orgânicos, prevista na PNRS.

Algumas ações e cuidados podem melhorar este cenário, contribuindo para reduzir os danos ao lençol freático, e consequentemente, reduzir custos de tratamento de água para consumo, fator este que impacta diretamente no bolso do consumidor final.

Portanto, os aterros sanitários podem comprometer os lençóis freáticos se não forem planejados, construídos e monitorados com critérios técnicos e ambientais. É preciso garantir que eles tenham uma camada de proteção do solo, um sistema eficaz de drenagem e tratamento do chorume, de captação e aproveitamento dos gases, e um controle periódico da qualidade da água subterrânea. E também, é claro, é muito importante o cidadão colaborar reduzindo a produção e descarte de resíduos, utilizando processos de reciclagem e compostagem. Cada um fazendo sua parte, pode ajudar a manter a quantidade e qualidade da água para todos

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