Com o período chuvoso registrando chuvas abaixo da média, os reservatórios das usinas hidrelétricas estão em alerta pois poderão atingir baixos níveis de armazenamento até o início do próximo período chuvoso.
O atual período chuvoso do Brasil vem apresentando volumes de chuva abaixo da média esperada em grande parte do país. Desde o início do período até as últimas semanas os acumulados de chuvas têm sido menores que o normal principalmente sobre as regiões Sudeste e Centro-Oeste, com poucas ocorrências de corredores de umidade e Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
Esse déficit de chuvas nos últimos meses nos coloca numa situação de alerta, pois este período é extremamente importante para encher os reservatórios das usinas hidrelétricas e nos colocar em uma situação mais confortável no início do período seco, entre maio e agosto, quando os reservatórios irão naturalmente abaixar devido a menor ocorrência de chuvas.
As principais usinas hidrelétricas do país estão localizadas na região Sudeste e Centro-Oeste, representando cerca de 70% do volume total armazenado em reservatórios no Brasil. Devido ao déficit de chuvas dos últimos meses, atualmente o volume do subsistema Sudeste/Centro-Oeste está em 64,7%, 12% a menos do que o nível registrado em fevereiro de 2023.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) destaca também que até o dia 17/02/2024 houve uma baixa recarga (aumento) dos reservatórios, com um aumento de apenas 2% no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, de 12% no Nordeste, de 19% no Norte e o subsistema Sul foi o único que apresentou uma queda, de 26% neste mesmo período. Apesar dos reservatórios ainda estarem em condições não críticas de armazenamento, a situação é de alerta pois, de acordo com o ONS, os cenários futuros não são tão otimistas.
Por que o cenário hídrico já preocupa o setor de energia?
A atual situação é preocupante pois, de acordo com as projeções apresentadas na última reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), existem cenários onde os níveis do subsistema Sudeste/Centro-Oeste podem atingir em julho o nível de 36,1%. Este cenário considera um cenário pessimista na previsão de chuvas, parecido com o que vem acontecendo, ocasionando a queda nas afluências dos rios.
O cenário pessimista do ONS indica um armazenamento de 36,1% no principal subsistema do país. Nesse caso, as usinas termelétricas poderão ser acionadas gerando consequências no preço de energia!
Entre abril e maio, considerado o final do período úmido, o ONS deverá avaliar novamente o nível dos reservatórios, para decidir se acionará as usinas térmicas de forma antecipada. Esse acionamento é considerado como Geração Fora da Ordem de Mérito (GFOM), quando aumenta a geração térmica com o objetivo de diminuir a demanda da geração hídrica e preservar o uso dos reservatórios.
Apesar do alerta, ainda é preciso ressaltar que a atual situação em que estamos está longe de indicar um crise hídrica como ocorreu no ano de 2021, quando foi inevitável manter o acionamento das termelétricas e com isso houve o drástico aumento nos custos da energia e no restante da cadeia de suprimentos. Por enquanto, o possível acionamento das termelétricas seria somente por uma garantia de maior segurança hídrica até o início do próximo período chuvoso.