O Deserto do Atacama, conhecido por sua aridez e vastidão, abriga um segredo perturbador: um lixão colossal de roupas usadas que se estende por quilômetros. Localizado em Alto Hospicio, no Chile, esse “cemitério” de roupas é uma montanha de desperdício têxtil que se acumulou ao longo de 15 anos. Com 60 mil toneladas de peças, ele se destaca como um testemunho sombrio dos excessos da indústria da moda. A aparência desse lixão é tão marcante que se assemelha a um bairro separado da cidade vizinha, Iquique, que tem uma população de 191.468 habitantes.
As marcas de fast fashion, conhecidas por suas roupas ultra baratas e alta rotatividade no mercado, são apontadas como as principais responsáveis pelo aumento descontrolado desse depósito no meio das areias do deserto mais alto do mundo. A pilha de roupas e a poluição que ela causa são visíveis do espaço, tornando evidente a necessidade de mudança na indústria da moda. A Organização das Nações Unidas classificou o local como uma “emergência ambiental e social” para o planeta.
Anualmente, 59 mil toneladas de roupas chegam ao norte do Chile vindos da Europa, Ásia e América do Norte. Parte desse volume é adquirida por negociantes de moda de segunda mão. Além disso, o lixão atrai migrantes e mulheres das comunidades pobres locais, que buscam peças para vender ou vestir.
Infelizmente, nem mesmo esse fluxo contínuo de roupas impede o crescimento do lixão. As peças não podem ser enviadas para lixões municipais porque não são biodegradáveis e frequentemente contêm produtos químicos tóxicos. Assim, elas acabam jogadas no meio do deserto, criando uma paisagem surreal e triste.
A indústria de fast fashion é responsável por entre 2% e 8% de todas as emissões de carbono no mundo. Quase 85% de todos os materiais têxteis produzidos acabam em lixões todos os anos. É urgente repensar nossos hábitos de consumo e buscar alternativas sustentáveis para reduzir o impacto ambiental causado por essa indústria. O “cemitério de roupas” no Deserto do Atacama é um lembrete sombrio de que nossas escolhas de moda têm consequências profundas.
A geração de lixo no planeta será de 3,8 bilhões de toneladas em 2050 caso não haja uma alteração nos modelos de consumo e descarte de materiais. Esses dados inéditos foram divulgados durante a 6ª Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente (Unea-6), em Nairóbi, capital do Quênia. As projeções ainda mostram que se for adotado um modelo de economia circular, em que a produção de resíduos e o crescimento econômico aconteceria por meio de práticas empresariais sustentáveis, poderia ser gerado um ganho líquido total de US$ 108,5 bilhões.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Tietê desempenha um papel fundamental na gestão dos recursos hídricos da região, incluindo a proteção das águas do rio Tietê, que é essencial para a vida e para o meio ambiente.
É urgente que as organizações e os órgãos responsáveis atuem em conjunto para promover uma indústria da moda mais sustentável e consciente.
