Nas entranhas da terra, onde o lixo repousa, O chorume se forma, líquido viscoso e sombrio. Das matérias orgânicas em putrefação, ele brota, Um caldo poluído, um grito silencioso.
Antes, era apenas a gordura dos animais, Mas agora, seu significado se expandiu, Um líquido escuro, carregado de impurezas, Que escorre dos aterros, dos lixões, dos cemitérios.
Necrochorume, o nome dado à morte liquefeita, Da decomposição dos corpos, um lamento fúnebre. Seu odor é forte, desagradável, como um último suspiro, Uma dança química, física e biológica em meio à água das chuvas.
Metais pesados se escondem em suas profundezas, Incapazes de serem eliminados pelos seres vivos. Cádmio, cobre, arsênio, chumbo – uma sinfonia tóxica, Que se acumula, envenenando o solo e os rios.
Diarreia, tumores, dermatoses, males neurológicos, O chorume traz consigo doenças e desespero. Insetos se aglomeram, atraídos por sua matéria orgânica, Baratas, moscas, mosquitos – portadores de aflição.
Tratá-lo é urgente, uma missão para o planeta, Para que não alcance nossas fontes de água pura. Reciclar, reutilizar, reduzir – palavras de salvação, Pois quanto mais consumimos, mais chorume se forma.
E assim, na escuridão dos resíduos, o chorume chora, Uma elegia silenciosa, um alerta para nossa consciência. Que aprendamos a cuidar da terra, a respeitar seus ciclos, E a transformar o lamento em esperança, em renascimento.