A água é um recurso vital para a vida e o desenvolvimento humano, mas nem toda a água que utilizamos é visível. Além da água que vemos e consumimos diretamente, existe um conceito muitas vezes negligenciado: a “água virtual”. Este termo se refere à quantidade de água utilizada na produção de bens e serviços, mas que não é percebida no produto final.
A água virtual é uma maneira de compreender o uso indireto da água, sendo essencial para avaliar o impacto ambiental de diferentes atividades humanas. Por exemplo, a produção de alimentos requer grandes volumes de água, desde a irrigação das plantações até a criação de gado. A água virtual nos permite compreender o verdadeiro custo hídrico por trás dos produtos que consumimos diariamente. De acordo com o site Ecycle.com.br, a quantidade de água utilizada para a produção de um quilo de carne bovina está na média de 15,5 mil litros de água. Em se tratando de vestuário, para a confecção de uma calça jeans são necessários 10 mil litros.
Este conceito, ao lado de outro conhecido como “pegada hídrica” é fundamental para entender o impacto hídrico de indivíduos, empresas e até mesmo países. Ao considerar a água virtual, somos capazes de compreender a quantidade de água necessária para produzir determinados bens e serviços, revelando a extensão do uso de água em atividades cotidianas e industriais. Contudo, a pegada hídrica abrange também o tipo da água utilizada no processo produtivo (verde: água da chuva; azul: superfície e debaixo da terra; ou cinza: poluída). Isso é importante para a gestão sustentável dos recursos hídricos, o que permite a criação de políticas públicas e a adoção de medidas alternativas para a sua manutenção, especialmente em regiões propensas à escassez de água.
A água virtual também destaca a interdependência hídrica global. A produção de commodities em uma região muitas vezes implica o uso de água de outras áreas, o que ressalta a necessidade de cooperação e gestão responsável dos recursos hídricos em escala global. Esta concepção desafia a noção de fronteiras hídricas, incentivando a consideração da água como um recurso compartilhado que demanda cuidado e responsabilidade coletiva.
Compreender esse ciclo invisível é essencial para promover a conscientização sobre o uso responsável da água, fazendo com que indivíduos e organizações possam tomar decisões mais conscientes em relação ao consumo de água em todas as etapas da produção, influenciando positivamente a demanda por produtos e processos menos intensivos em água.
A consideração da água virtual também impulsiona a inovação e o desenvolvimento de práticas mais sustentáveis nas cadeias de produção, favorecendo o modelo P+L, ou seja, a produção mais limpa uma vez que essas novas práticas visam a redução de resíduos e o consumo de matérias-primas, a fim de aumentar a eficiência incluindo recursos hídricos. À medida que a conscientização cresce, empresas e governos são incentivados a buscar tecnologias e processos mais eficientes em termos hídricos, visando reduzir a pegada hídrica e promover a sustentabilidade em suas operações.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Tietê desempenha um papel fundamental na gestão dos recursos hídricos da região, promovendo a conscientização, a cooperação e a tomada de decisões responsáveis. Ao considerar a água virtual e seu impacto na região, o Comitê pode implementar medidas para mitigar a pegada hídrica, promover práticas sustentáveis e garantir o uso equitativo e responsável da água. Sua atuação é essencial para assegurar a segurança hídrica e o bem-estar das comunidades locais.